sexta-feira, setembro 16, 2005

VILA NOVA DE FAMALICÃO

A que propósito o nome desta cidade serve de título? Verdadeiramente, não deveria ser o nome da cidade, mas, por exemplo, “ridicularias e indecências no exercício do governo autárquico famalicense”. Porém, como daria um título muito comprido, fiquemo-nos no que escolhi.

Vila Nova de Famalicão, cidade pertencente ao distrito de Braga, 127.567 habitantes, 101.850 eleitores (dados recolhidos do livro “A Democracia Local” do Dr. A. Cândido Oliveira)

O órgão executivo actual é formado por uma coligação PSD/CDS. Presidente da Câmara, o Sr. Armindo Costa, isto é, o Sr. Arq. Armindo Costa.

De que é que se lembraram, então, estes homenzinhos provincianotes (claro está que me refiro ao presidente e respectivos vereadores da mesma cor política) para eternizarem a sua passagem pelo município?

Com o pretexto de comemorar os 170 anos de municipalidade e uns 800 de foral, resolveram encomendar um mural de oito metros de comprimento por 2,7 de altura. Nessa superfície ficarão gravados os nomes dos primeiros autarcas de há 170 anos, os actuais, assim como o nome de todos os presidentes de juntas de freguesia, sempre e somente os actuais.

Com certeza o nome do Sr. Arquitecto deve ficar cercado por qualquer coroa de louros. Onde é que jamais se teve um presidente da câmara com tantas virtudes? Que o digam os caminhos-de-ferro, por exemplo, cujos melhoramentos locais devem-se a este executivo!... Bem se diz que o ridículo não tem limites!

Como esse mural deve ser colocado no lugar mais nobre de Famalicão, nem o super ego do Sr. Presidente poderia tolerar algo diferente, qual o local escolhido? O ponto mais central do jardim que embeleza os Paços do Concelho, jardim este que é o que de mais bonito existe na cidade.
Que importa se é um coice na harmonia de toda aquela área? O escultor que realizou a obra e ajudou a escolher o local, é verdadeiramente um artista? Duvido.

A este ponto, quero pôr de lado ironias ou sarcasmos.
Quando passo pelos jardins e vejo a armação daquele monumento à ostentação de uma vaidade tão estúpida quanto indecente; quando vejo o jardim mutilado sem que, previamente, os munícipes fossem informados das intenções de auto-incensamento, sinto-me ofendida.

Sempre admirei os cuidados e a beleza dos “Jardins da Câmara” (como usualmente lhe chamamos). Não posso tolerar arbitrariedades deste género, mesmo decididas pela maioria eleita. Democracia acima de tudo, sim, senhor, mas contrabalançada pela ética, correcção e bom senso.
Alda Maia