domingo, março 26, 2006

ANA SÁ LOPES E A LÍNGUA PORTUGUESA

No Diário de Notícias de 25 / 03 / 2006, Ana Sá Lopes expande-se sobre a “apostasia” de Durão Barroso e o português que falamos.

Escreve a jornalista: “O português de Portugal, o uso corrente do seu formalismo bacoco, cansa-me”.

Desconhecia que a nossa língua, na sua evolução e enriquecimento através dos séculos, assimilara formalismos da língua bacoca! Mas é sempre tempo para aprender.
"Bacoco, língua banta falada pelos bacocos: povo banto de agricultores e pescadores que habitam o Oeste da República dos Camarões".

Era a esta língua que a Sra. Ana S. Lopes se referia? Ou entende que falamos uma língua primitiva e que é ornamentada de formalismos por nós, gente um pouco estúpida?
Não desesperemos! Há sempre uma Ana SÁ Lopes a salvar a honra do convento.

Assevera que, às vezes, preferiria falar espanhol. Ou exprimir-se em brasileiro. E o que é que a impede?
E eu a pensar no galaico-português e nas tantas coisas lindas que deixou em herança à nossa Literatura!

Se vivesse aqui no Norte do País, e habituasse os ouvidos ao coloridíssimo vocabulário nortenho, jamais lhe viria à ideia usar o formalismo linguístico como argumento.
Se bem que, no blogue “Glória Fácil”, onde Ana S. Lopes escreve, não me parece que os formalismos a atrapalhem.

A língua portuguesa é muito melancólica (!!!) e há imensa coisa que não se pode dizer em português”.
Isso é que não é verdade! E tanto não é verdade que a Senhora Ana Sá Lopes, em pouco espaço, conseguiu expressar um chorrilho de tolices – quase, quase estive para escrever “bacoradas” em vez de “tolices”, mas quis respeitar os formalismos!…

Classificar o português como língua melancólica, francamente, só me provoca hilaridade! Parece-me ouvir os lugares-comuns que tanta vez ouvi em Itália acerca dos portugueses: gente melancólica, triste…a minha resposta era sempre uma grande gargalhada.

Outra opinião com a qual não estou nada de acordo é quando escreve que os timorenses deveriam adoptar o bahasa da Indonésia como língua oficial, “por razões pragmáticas”.
Que tem que ver a pragmática com a língua oficial portuguesa em Timor?! Para que os vizinhos (indonésios e australianos) tratem Timor como qualquer ilha sem identidade e insignificante? Ana S. Lopes alguma vez reparou na maior parte dos apelidos dos timorenses?
Adoptando o português como língua oficial, nada impede o uso do inglês e bahasa na vida prática.

Decididamente, Ana S. Lopes quer que abdiquemos da língua portuguesa, a deitemos às ortigas e passemos a falar e escrever “espanglês”.

Como boutade, muito cómica, para um artigo que quis apresentar como original, aceita-se.
Alda M. Maia