Sem armas os barões assinalados,
Que nestas ocidentais praias lusitanas,
Por caminhos nunca antes pisados,
Passaram indo além da traquitana,
E em inaugurações e mesas aparelhadas,
Entre as gentes postas de pescada arrotaram,
Que nesta nossa república já nada sublimaram;
E também as memórias ingloriosas
Daqueles homens que foram delapidando
A fé na administração virtuosa das terras
Do Minho ao Algarve que andaram devastando;
E aqueles que por obras indecorosas
Se vão da lei da decência libertando
- Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte
Hoje tive tentações de me divertir, aproveitando-me das duas primeiras estrofes de “Os Lusíadas” para este post. É também uma pequena vingançazinha sobre estas mesmas estrofes que me fizeram suar frio, quando, in illo tempore, o examinador me pediu a análise sintáctica, já não sei de quais versos.
Mas vamos à razão principal por que me sentei aqui para conversar com o computador
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ARROGÂNCIAS E INEFICIÊNCIAS
Se todos tivessem o bom hábito de manifestar, com bom senso e equilíbrio, a reprovação dos abusos, anomalias, arrogâncias e incapacidades da administração pública, o País subiria, indubitavelmente, nas craveiras do civismo, progresso e seriedade.
Eis um caso, entre milhares.
Executam-se obras, construindo ou reestruturando edifícios numa cidade. Colocam-se os tapumes e, segundo a norma, ocupam a parte dos passeios correspondente a esses edifícios.
Segundo creio, é de lei criar uma passagem protegida, a fim que os peões não devam caminhar no meio do trânsito.
Aqui, em Vila Nova de Famalicão, são raríssimas as empresas que observam esta regra. Assim, inconscientemente, caminha-se de mistura com toda a espécie de veículos.
Chega um dia que o perigo se apresenta: um grande camião das obras aparcado paralelo ao tapume, o peão fica entalado entre o camião e os automóveis que circulam nos dois sentidos e que, naquele momento, anulam qualquer espaço que facilite a fuga do peão de um iminente atropelamento. O susto é tremendo!
Indignado – e tardiamente consciente do perigo daquele estado de coisas - dirige-se à Câmara Municipal, ali próxima.
Qualquer reclamação deve pagar uma taxa de 25 a 26 euros, informam. Não concorda, obviamente, pois foi apenas apontar uma grave falha dos serviços da Câmara.
Fala com a PSP, visto também ser uma questão de trânsito. No dia 29 de Julho, envia um exposto à Polícia e, para conhecimento, ao Presidente da Câmara.
Hoje, 27 de Agosto, tudo como antes. Ah! esquecia-me: o novo edifício de que se fala pertence aos serviços sociais da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão. O Sr. Presidente já lá foi visitar as obras, segundo me informaram, mas devo deduzir que é pouco conhecedor das regras que protegem a incolumidade dos seus munícipes.
Um curso ad hoc – mesmo aqueles de “aprendizagem em trinta dias” - para qualquer candidato à presidência das Câmaras Municipais, reclama-se; necessita-se urgentemente.
Alda M. Maia