segunda-feira, outubro 02, 2006

TRILUSSA

Trilussa é o pseudónimo de Carlo Alberto Salustri (Roma 1871 / 1950).

“É o poeta dialectal mais famoso de Itália, graças a uma linguagem romanesca que lhe concedeu o dom de fazer-se compreender por toda a gente.
Eis os sonetos e as fábulas, em versos, do irónico fustigador da sociedade burguesa e que permanece o poeta mais próximo e caro da alma popular”
(
texto do frontispício do livro de poesias, compilado por Cláudio Rendina)

Ontem, dediquei-me a pôr um pouco de ordem nos livros que existem nesta casa e para os quais já começa a escassear o espaço. Nas prateleiras desarrumadamente dedicadas à poesia, encontrei Trilussa… e acabei por não arrumar coisa nenhuma, porque me perdi a rir na companhia do poeta romano.

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La Dipromazzia

Naturarmente, la Dipromazzia / è una cosa che serve a la nazzione / pe’ conservà le bone relazzione, / co’quarche imbrojo e quarche furberia.

Se dice dipromatico pe’ via / che frega co’ ‘na certa educazzione, / cercanno de nasconne l’opinione / dietro un giochetto de fisonomia.

Pres’empio, s’io te dico chiaramente / ch’ho incontrato tu’ moje con un tale, / sarò sincero, sì, ma so’imprudente.

S’invece dico:- Abbada co’ chi pratica... / Tu resti co’ le corna tale e quale, / ma te l’avviso
in forma dipromatica.

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A Diplomacia

Naturalmente, a Diplomacia
é uma coisa que serve à nação
para conservar as boas relações,
com algum embuste e alguma astúcia.

Diz-se diplomático, por via que
aldraba com uma certa educação,
procurando esconder a opinião
debaixo de uma habilidade de fisionomia.

Por exemplo, se eu te digo claramente
que encontrei a tua mulher com um tal,
serei sincero, sim, mas sou imprudente.

Se, pelo contrário, te digo:- Olha bem com quem pratica…
Tu ficas com os cornos tal e qual,
Mas eu aviso-te em forma diplomática.
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Alda M. Maia