domingo, novembro 19, 2006

E POR QUE NÃO UMA ESCOLA DESTINADA AOS PAIS?
E POR QUE NÃO RESPONSABILIZÁ-LOS PENALMENTE?

Em Agosto, apareceu na Internet um vídeo que mostrava um ambiente escolar, onde um grupo de alunos, de 16 / 17 anos, se divertia a maltratar um outro aluno, da mesma idade, afecto de autismo: pontapés, bofetadas, lançamento de livros contra o infeliz alvo de tanta maldade.

Nesse vídeo, vê-se a professora que abandona a sala de aula; a algazarra da turma que se diverte a escarnecer a pobre vítima; um aluno que escreve no quadro uma frase de tipo nazista.
O rapazinho, assustado, não pôde suster a urina e a perversidade daqueles monstros de insensibilidade redobrou na chacota e humilhações.

Uma aluna, entretanto, com o telemóvel ia filmando o que se passava.

Estes factos sucederam em Junho, no final do ano lectivo (ano lectivo italiano). Uma rapariga, talvez a autora do vídeo, pôs estas imagens na Internet –Google. Site muito visitado, visto que o filme em causa estava no 29.º lugar da classificação de “Vídeo Divertenti”. Quanta depravação!

Nos primeiros dias de Novembro, foi detectado por pessoas responsáveis e explodiu o escândalo: nos noticiários TV; nos vários jornais com amplas reportagens e editoriais.
As autoridades competentes iniciaram as investigações, a fim de localizar e identificar o estabelecimento de ensino onde tudo se tinha passado. Imediatamente tomaram providências para que, no site, este nojo de vídeo fosse eliminado - só é pena que o Google ou outros motores de busca mostrem tantas deficiências nas próprias filtragens; consequentemente, tudo seja válido.

Facilmente descobriram o local: “Instituto Albe Steiner” – instituto técnico de design e gráfica publicitária – em Turim.
Os factos falam por si e quaisquer comentários seriam pleonasmos.

Sei que, nas escolas, episódios de crueldade ou violência contra os mais fracos são moeda corrente. Mesmo assim, este caso provocou-me uma indignação sem limites e não consigo encontrar quaisquer atenuantes para aqueles energúmenos de Turim.
Não somente os quatro autores - três rapazes e uma rapariga – como o resto da turma: nenhum deles se sentiu tocado por um mínimo de sensibilidade, de modo a intervir a favor do rapazinho autista; ademais, com problemas de vista e de ouvido. Acrescento que todos estes alunos são provenientes do que se diz boas famílias, portanto, com bom nível de vida.
Que género de educação recebem em casa?

Apurada a verdade, o Instituto Steiner aviou um procedimento disciplinar: suspensão dos quatro “heróis” por um ano; nem sequer poderão apresentar-se às provas de exame no fim do ano lectivo. Os pais vão apelar - pena excessivamente severa, dizem eles!...
O resto da turma, 15 alunos, foi suspenso por duas semanas: a primeira semana, em casa; a segunda, em serviços de carácter social: acompanhar jovens deficientes ou actividades similares – provimento educativo.
A magistratura também investiga, quer sobre a responsabilidade dos alunos, quer da professora responsável que se tinha ausentado da sala de aulas.
****
É raro o dia que os jornais italianos não dêem notícia de violação de rapariguinhas, cuja idade vai dos 11 a 14 anos, por outros menores, (colegas de escola, normalmente) com idade entre os 13 a 17 anos. O assalto efectua-se em grupo ou, então, passam palavra, ameaçando o “objecto” desta bestialidade, caso não se submeta.
O desvio mental destes meninos é de tal ordem que não se esquecem de filmar os actos sexuais. Às vezes metem estes filmes na Internet; outras, servem para vangloriar-se; também há quem os venda, aos companheiros, por cinco euros. Lê-se de tudo!

Quanto à violência nos estabelecimentos de ensino e insolência contra os professores, as nossas escolas assemelham-se às italianas, não vale a pena dar exemplos. Somos muito parecidos.

Não seria já tempo pôr de lado tanta “compreensão pedagógica” para a insolência e má criação desta juventude hodierna?
O quanto se exagerava, anteriormente, com autoritarismos e o “já disse” dos nossos pais, onde não eram autorizadas contestações ou mesmo explicações de desculpa, hoje passou-se para um total “laisser-faire, laisser-passer”. Tudo deve ser compreendido, porque, de contrário, os meninos ficam traumatizados - quanto se abusa desta palavra, tantas vezes vazia de significado!
"Não se deve criminalizar os meninos prevaricadores: é preciso recuperá-los".
"Os meninos correm o risco de se tornarem uns desadaptados".
Uns desadaptados?!! Na minha opinião, adaptaram-se de mais ao desregramento corrente. Nesta matéria, depressa aprendem a ser uns bons discípulos da libertinagem adulta.
Quem é que perde tempo a inculcar-lhes sensibilidade e sentido cívico para quem é desafortunado, por exemplo? O respeito pelos diferentes? O respeito pelos que os rodeiam?

No que concerne a função de pais, nunca se pode generalizar. Conheço pais excelentes. Hoje em dia, porém, penso seja maioritário o número de pais que não valem nada. Abdicaram de ser pais e prostram-se perante os filhos endeusados, eis a questão.

Não resta à sociedade senão criar leis adequadas: se os menores cometem faltas graves, sejam os pais responsabilizados por essa faltas.
Do Tribunal Civil de Milão, eis um exemplo que está recolher o agrado geral:
Partindo do princípio que os pais de adolescentes também “devem dar uma educação sentimental e ensinar o respeito pelo outro sexo”, autorizou a família de uma rapariguinha, abusada sexualmente por cinco rapazotes de 15/16 anos, a pôr sob sequestro os bens da família dos abusadores, até ao final do processo, por um valor de 220 mil euros: 150 mil a favor da vítima; 70 mil a favor dos pais desta”.

Oxalá se comece a olhar com mais acuidade estes fenómenos de violência, assim como ao estado de quase subespécie, quanto a sentimentos, no qual se move esta juventude.

Infelizmente, e relativamente a este estado de coisas, quase podemos dizer: a ausência de atenção e preocupação, por parte dos adultos responsáveis, está bem e recomenda-se!...
Alda M. Maia

2 Comments:

At 12:32 da manhã, Blogger a d´almeida nunes said...

Pois, Alda, é como diz, que mundo é este em que os adolescentes denotam tanta insensibilidade?Começa a tornar-se evidente que o crescimento do ser humano precisa de acompanhamento permanente, a começar pelos pais, que têm que passar a pestar muito mais atenção à educação dos seus filhos.
A não se conseguir inverter o rumo que estamos a seguir em que tipos de seres humanos adultos se vão transformar estes adolesentes?
Será que os próprios professores estão psicologicamente preparados para enfrentar situações como a que desreve?
Eu digo que não, nem de perto nem de longe!
Há que formar e seleccionar com muito mas rigor os professores. Ma os pais também devem passar a ser responsabilizados com dureza pelos "crimes" cometidos pelos flhos a seu encargo. Ser pai é ser responsável e responsabilizar-se pela educação dos seus filhos.
Tanto que há por fazer!...
António

 
At 12:47 da tarde, Blogger a d´almeida nunes said...

Errata:
No texto do comentário anterior há várias faltas de letras.
descreve, mais, mas, ...
Enfim, este teclado do meu portátil não me deixa escrever "a toda a bolina"!
António

 

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