sábado, abril 28, 2007

NÃO SOMENTE PARA "CONVERSAR"...

O computador também me serve para aqui registar acontecimentos ligados às minhas belíssimas recordações de radioamadora (continuo radioamadora!)
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G0LLH - Cristo














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A partir da esquerda: CT1XK; CT4BD; I1YG; CT1WB (há quase 20 anos atrás)
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Há dias , de Setúbal, telefonou-me CT4MS - indicativo radioamador do velho e sempre amigo Leonel. Anunciou-me a morte, em Londres, de outro nosso grande amigo, Cristo, G0LLH.
Fiquei muito chocada!
Sempre esperei que, numa próxima visita a Portugal, passasse novamente qui pelo Norte do País como fizera anteriormente: belíssima ocasião que proporcionou aos colegas nortenhos, eu incluída, de conhecermos, pessoalmente, o simpático casal Cristo.
Ontem, finalmente, ganhei coragem para telefonar à esposa. Um dos telefonemas mais difíceis que jamais tive de fazer: aqueles que nunca se sabe como iniciar!
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Antes de regressar a Portugal, durante anos, diariamente e por volta das 08 gmt, havia a tertúlia de um grupo de radioamadores portugueses - na frequência de 14.325 /330 MHz - localizados, ou transmitindo de várias partes da Europa: Portugal, Açores, Itália, Londres, Suécia.
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As presenças mais regulares: CT1LA (Cascais, silent key); Ct1WB (Porto); CT1UB (Penafiel, silent key); esporadicamente, CT1FL (Tomar, silent key) e CT1BH (Porto); CT1VV (Almada); CT4BD (Sintra, silent key); CT4MS (Setúbal); CU2AK, (Ponta Delgada, silent key); G0LLH (Londres, silent key no dia 23/04/2007); SM7GXE (Malmo); I1YG (Turim).
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Havia outros colegas que, conhecendo a existência deste grupo - grupo de óptimos amigos - de vez em quando, davam-nos o prazer de se fazerem presentes na frequência: CT1GZ (Azeitão); CT1XK (Porto); CT4EQ (Leiria). Houve outros mais, mas, neste momento, não recordo os indicativos. Teria de ir ver aos diários de registo - cadernos de estação de radioamador obrigatórios e que devem estar sempre actualizados - mas seria busca complicada... Muito simplesmente, hoje, não quero rebuscar nada sobre essa matéria!
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A expressão "silent key", na linguagem radioamadorística, significa que a chave Morse - nos primórdios, quando a telegrafia predominava - ficou silenciosa. Repito o que já uma vez escrevi: não é difícil adivinhar a razão desse silêncio!
Alda M. Maia

segunda-feira, abril 23, 2007

ISOLAMENTO DE ISRAEL

No passado dia 19, o jornal italiano “L'Unità” publicou um artigo de Furio Colombo, cujo título é: “Ataque a Israel”.

Furio Colombo é um escritor, jornalista, foi professor na Columbia University; actualmente é senador, eleito pelo centro-esquerda.
Sempre se mostrou como um grande defensor de Israel e, frequentemente, escreve sobre os problemas que afligem este país. Transcrevo alguns excertos do artigo.

"Os jornais e as agências do mundo anunciam o pedido da associação dos jornalistas e cronistas ingleses (National Union of Journalism) de «boicotar os produtos israelianos, segundo o modelo de boicotagem imposto à África do Sul, no tempo do apartheid».
O voto dos jornalistas (66 a favor, 54 contrários) diz-nos que aquela importante associação se une à associação britânica dos arquitectos e à organização dos docentes universitários. Estas duas últimas associações, em dois diversos congressos, em duas datas diversas, tinham pedido, não somente a boicotagem, mas também o bloqueio de qualquer permuta ou colaboração cultural com Israel".

(…) "Pode ser útil notar que os três eventos, com o mesmo significado (isolar Israel), manifestaram-se em três momentos diversos.
No primeiro (docentes universitários), há a guerra no Líbano, enquanto os mísseis de Hezbollah caem sobre Israel e, pela primeira vez, Israel parece em perigo".
"O segundo coloca-se no período da interposição das forças internacionais (…), enquanto Hezbollah invade as ruas de Beirute, com um milhão de militantes, para proclamar a vitória.
O terceiro sucede exactamente no dia em que Israel celebra a memória da Shoah, ocasião em que não há guerra, não estão em curso acções militares (…)"

(…) "Os jornalistas do Reino Unido requerem a boicotagem de Israel no momento em que o jornalista inglês Johnson foi raptado, continua prisioneiro, mas com ameaças de execução ou execução já efectuada, por uma organização palestiniana".

(…) "É impossível não dar espaço à hipótese de que a pouco nobre reviravolta de juízo dos nossos colegas ingleses seja um episódio de oportunismo: um alinhar-se, deliberadamente sensacional, contra Israel, como gesto considerado útil (ou exigido) para a libertação – se é vivo – do prisioneiro Johnson. Temo que não seja verdade. Se o fosse, ter-se-ia escolhido um percurso diverso daquele voto que, como se vê (66 a 54), é sempre arriscado".

"Assim, a tomada de posição dos jornalistas ingleses contra Israel parece-me espontânea, efectiva expressão de sentimentos e persuasões, num sector particularmente informado da opinião pública inglesa. Portanto, incrível"


Fúrio Colombo, no seu artigo, continua a analisar a anomalia dos jornalistas, arquitectos e docentes universitários britânicos que fingem ignorar ou não dar importância a tantos acontecimentos trágicos que se verificam por esse mundo fora, mas, pelo contrário e com tanto zelo, votam ao ostracismo o estado de Israel, precisamente o “Estado dos judeus”.

"Mas a clamorosa diferença no juízo que diz respeito a Israel em relação a qualquer outro evento, por quanto gritante e dramático, é evidente: explica-se somente com um forte preconceito, uma firme discriminação para com o Estado dos judeus".

"Certo, Israel não produz gás ou petróleo e este facto liberta jornalistas, arquitectos e docentes ingleses dos escrúpulos de realpolitik”.

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Eu serei menos diplomática. Irei para além dos preconceitos e discriminações.

Estou a recordar-me do que se passou, neste último Natal: as iniciativas, aqui na Europa, para obscurecer tradições cristãs a fim de não “chocar os sentimentos” dos fieis muçulmanos.
Haverá sentimentos anti-Israel, disso não há dúvidas. Todavia, não haverá também uma grande dose de oportunismo, temor e pusilanimidade de jornalistas, arquitectos e professores universitários – outros virão a seguir!... - perante os potenciais terroristas à solta lá pelo Reino Unido? Ora, como não consta que Israel treine aspirantes a mártires – crianças e mulheres - e os envie, embutidos de explosivo, a semear destruição e morte entre inocentes, o mais prudente será captar a simpatia de quem se serve de tais meios e rapta ocidentais!...

Israel, por vezes, faz muita asneira, o que só agrava a situação médio-oriental.
Nunca esqueço, porém, que sempre viveu rodeado de inimigos e cuja aspiração, da maior parte destes, em relação aos israelitas, é “atirá-los ao mar” ou aniquilá-los de uma vez para sempre. Assim, toda a minha simpatia vai, e sempre foi, para quem é forçado a defender-se, embora não deixe de criticar o que deve ser criticado e sinta compaixão pelo povo da Palestina. E quando digo povo, refiro-me à população inerme; não aos seus pseudo paladinos, os quais são os piores inimigos da causa palestiniana, isto é, do povo a que pertencem.
Alda M. Maia

segunda-feira, abril 16, 2007

É ISTO BOM JORNALISMO?

Com o processo aos títulos académicos do primeiro-ministro, o jornal "Público" aonde quis ou quer chegar? Todos os itens foram já publicados ou ainda continuarão nos próximos dias?
Haverá mais requisitórias ou o "Público" acha que ainda não esgotou a matéria?

Recuso-me a entrar no mérito da questão. Aliás, mesmo que quisesse exprimir um juízo, o tema foi apresentado numa forma de tal modo prolixa, baralhada e inquisitorial que perdi o interesse em procurar uma síntese objectiva. Aliás, precisamente pelas características atrás apontadas, penso seja tarefa árdua.

A minha atenção, pelo contrário, foi atraída para a estranheza deste género de inquérito jornalístico.

Normalmente, quando um jornal decide publicar um serviço de inquérito sério e bem organizado – quer na recolha de material, quer na irrefutabilidade dos argumentos – a assinar esse serviço serão um ou dois jornalistas.
O inquérito parte de um conhecimento directo dos factos e a tempestividade em publicá-lo - repito, sempre estribado em argumentos claros e bem definidos – constitui uma das qualidades do artigo ou artigos que o exprimem.

Se não se trata de um serviço jornalístico com finalidades instrumentais, publicam-se os textos necessários para a compreensão e clareza do caso. Penso seja este o aspecto nobre de um bom jornalismo e, ao fim e ao cabo, um serviço de utilidade pública.
Certamente que se investiga e escreve sobre eventos de uma consistência digna de atenção.

É desde o dia 22 de Março, se não estou errada, que o jornal "Público" não pára de “informar” os seus leitores sobre a licenciatura / não licenciatura em Engenharia do nosso Primeiro-Ministro, reforçando tais informações com editoriais do director e director adjunto; pareceres e artigos ad hoc dos vários “opinionistas” do citado jornal - bem poucos se eximiram.

O jornal dedicou-se a esta causa - de importância primária para a administração do país, como é óbvio!... - e, diariamente, proporciona-nos a dose de revelações sobre datas, exames, reitores, professores, matrícula na Universidade Lusíada que Sócrates nunca frequentara (muito pertinente este facto!...), as notas que tirou … também investigaram se usava gravata quando comparecia nas aulas? Enfim, a formação académica de José Sócrates é vasculhada de cabo a rabo.
No dia 12 deste mês, então, o caso ocupou cinco páginas!

Qual a fonte que deu origem a este furor informativo? O trabalho de uma equipa de jornalistas do "Público" Não, valha-nos Deus! Pura e simplesmente, um blogue, onde leram, em 2005, que havia trapalhada nos títulos académicos de José Sócrates!

O caso permanece em incubação e, passados dois anos, fiat lux!

Em vez de luz, todavia, parece que se deu lugar a uma forte névoa.

Perante a insistência (dir-se-ia mesmo animosidade) do "Público" e, por arrastamento, do "Expresso", debates televisivos e inundações opinativas na blogosfera, só pergunto se não se perdeu o sentido do equilíbrio e do bom senso.

Uma observação: de permeio, houve espaço para a nota quase cómica. Não faltaram os queixumes contra as pressões, sobre os jornalistas, por parte dos assessores do primeiro-ministro.
Pobres virgens inocentes que tiveram de repelir tais assaltos!...
Como se não se soubesse que entre jornalistas e políticos existe uma espécie de simbiose! Ademais, no mundo da imprensa, sempre se tomou em linha de conta as tentativas de “persuasões”, por vezes arrogantes, da política e a arte de com elas lidar.

É oportuno dizer que José Sócrates deveria procurar rodear-se de conselheiros mais bem preparados e encarar os reveses com lealdade, tempestividade e transparência.

Volto à pergunta inicial: aonde quer chegar o "Público" com esta campanha? Sim, porque a todo este cancan não podemos chamar investigação objectiva, bem estruturada e dotada daquela sobriedade e rigor que um inquérito sério exigiria e que os leitores apreciariam.

Não sendo assim, qual a finalidade de tanta insistência em expor o primeiro-ministro a ataques contínuos, numa questão de foro pessoal, que em nada prejudicou o País? Por que razão pôs de lado normas de ponderação e equilíbrio? E porquê agora?!

Se é intempestivo quanto ao conhecimento dos factos, quis escolher este momento, para fragilizar o primeiro-ministro, a poucos meses da Presidência da UE?
O director do "Público" não toma em consideração que também o seu jornal pode sair fragilizado? E que, mercê do caso Sócrates, mina a credibilidade do jornal que dirige?
Quid prodest?
Alda M. Maia

terça-feira, abril 10, 2007

HOMOFOBIA

No princípio da semana passada, terça-feira, dia 3 de Abril, um rapaz de dezasseis anos, em Turim, lançou-se do quarto andar. Preferiu deixar de viver que continuar a suportar os insultos e desprezo de alguns colegas do Instituto Técnico (Instituto Someiller) que frequentava. Estes não conheciam outro modo de convivência senão humilhar e espezinhar a dignidade do pobre rapaz, chamando-lhe "gay" a todo o momento e troçando sobre o facto de usar óculos e um aparelho de correcção dental. Todavia, o que mais torturava o infeliz rapazinho era o insulto “gay”. Lamentou-se, manifestou a sua angústia, afirmando que não era verdade o que lhe chamavam, mas ninguém soube ir ao encontro, com verdadeiro interesse, desse estado de ânimo desesperado. A frequência das aulas, para ele, tornou-se um tormento. Pôs fim a este tormento, suicidando-se.

Deixou dois bilhetes em cima da mesa da cozinha. Um para a família: “
Perdoai-me se não fico convosco, mas já não consigo aguentar mais”.
No outro bilhete, desabafava: “
Não me sinto integrado, sinto que não me aceitam, sinto-me diverso”.

Descrevem-no como um rapaz gentil, educado, o melhor aluno da turma. Talvez estas características expliquem tanta malvadez da parte dos energúmenos que o aniquilaram.

O caso impressionou-me! Como é possível que um jovem de 16 anos decida roubar-se a vida somente porque se via esmagado por chalaças cruéis e contra as quais não sabia defender-se?!

Como é possível, também, que esta palavra gay – homossexual - nos tempos de hoje, ainda se apresente como uma marca de infâmia?!

A homofobia é bastante difusa, mesmo em pessoas com uma certa instrução, não fanáticas religiosamente, e que teriam o dever de olhar este aspecto das existências humanas com naturalidade. Os preconceitos, todavia, falam mais alto e, não raras vezes, traduzem-se em estupidez e crueldade.

Certamente que certos cortejos ou manifestações sobre “o orgulho gay” não ajudam a “aceitação” de quem vê essa diversidade com pruridos “moralistas”.
A minha observação não se refere ao facto de se manifestarem, pois têm todo o direito, mas pela falta de bom gosto que grande parte dos manifestantes, frequentemente, exterioriza. Em tudo se quer um mínimo de estilo. Pensaria o mesmo de heterossexuais onde esse estilo faltasse.

Bento XVI decretou que a homossexualidade é um acto contra a natureza. Haverá alguma coisa, neste mundo, que não faça parte da natureza? A pergunta fica no ar.
Mas há outra pergunta que sempre se me apresenta: por que razão as hierarquias religiosas, sobretudo os homens do Vaticano, em relação à homossexualidade, exprimem um fundamentalismo muito pouco adequado a um cristianismo feito de amor e compreensão?
Digo compreensão em vez de tolerância, pois entendo que tolerar é crer-se superior: o Cristianismo é amor, caridade, solidariedade, humildade; jamais uma doutrina majestática.

Eis intransigências, portanto, que não compreendo nem aceito. Ademais, não são raros os casos degradantes, a este respeito, que se verificam no ambiente clerical. Talvez a ausência de declaração de princípios, sobre esta matéria, fosse mais prudente e consentânea ao cristianismo acima referido.

Quanto a mim, em relação à situação de “tolerar”, sempre preferi usar o termo “respeito” por todas e quaisquer diversidades.
Alda M. Maia

segunda-feira, abril 02, 2007

O PARTIDINHO DOS ANTI-IMIGRANTES;
CIDADÃOS DE UM PAÍS DE EMIGRANTES!


Não os proíbam, não os vitimizem: combatam-nos no terreno das ideias e dos valores” – assim escreveu o director do "Público", no seu editorial de sexta-feira, 30 de Março, a propósito do cartaz do “Partido Nacional Renovador” contra os imigrantes.
Palavras sacrossantas e que se subscrevem sem reservas, quando se trata de combater pessoas em boa-fé. É este o caso? Ainda que o não seja, continuo a considerá-las palavras justas.

Pacheco Pereira, no dia seguinte, defende o mesmo princípio: “Não passa pela cabeça de todos estes «democratas» que a liberdade de expressão só tem sentido se defender o direito de alguém dizer aquilo de que não gostamos, dentro da lei”.
Também aqui, subscrevo integralmente. Nunca concebi uma democracia onde à liberdade de opinião se antepusessem limites ou condições fora das leis que regulam uma convivência civilizada.

O que está expresso no cartaz do PNR, na praça Marquês de Pombal, em Lisboa, podemos colocá-lo no inviolável sector da liberdade de expressão?
“Basta de imigração / Nacionalismo é solução / Façam boa viagem / Portugal aos Portugueses

O indivíduo do cartaz exprimiu a sua opinião ou, teatral e publicamente, instilou o pior veneno que um ser humano possa destinar a um seu semelhante?
Em Portugal, país que sempre foi de emigrantes - cujas remessas de divisas, no tempo daquele Estado Novo que tanto veneram, foram uma coluna indispensável para a tacanha economia do País - deveremos considerar este cartaz a expressão livre de uma facção de extrema-direita ou um modo de pensar que se aproxima da torpeza?

Mesmo para os estrénuos defensores das regras democráticas, há certas atitudes destes extremistas que se tornam intragáveis.
Combatê-los no terreno das ideias e dos valores”, como sugere o editorial do jornalPúblico”? Certamente que é o único caminho. Porém, alguma vez a extrema-direita quis ou se predispôs para um diálogo? Que valores reconhece senão o individualismo árido, um patrioteirismo folclórico e, por vezes, direi mesmo repugnante?

Remarei contra a corrente, mas aquele cartaz removê-lo-ia sem quaisquer considerações por liberdade ou não liberdade de expressão: não hesito em pô-lo no mesmo pé de igualdade de um cartaz declaradamente pornográfico.
Assim, Lisboa, capital do País – ou qualquer outra cidade – tem todo o direito de não querer ver conspurcada uma sua praça com um cartaz que, ao fim e ao cabo, não passa de uma feiura moral e uma indecência.
Alda M. Maia