segunda-feira, maio 09, 2011

CREDIBILIDADE,FIABILIDADE, PRATICABILIDADE


“Três ingredientes” que o Presidente da República italiana sugeriu à oposição, citando um político e intelectual sério e de grande prestígio – António Giolitti - falecido o ano passado.

Imediatamente os associei ao nosso momento político actual e aos nossos problemas de um futuro Governo credível e fiável. Quanto à praticabilidade, depende dos dois primeiros factores. Se conseguirmos um Governo credível e no qual confiemos, as soluções de absoluta praticabilidade – mais de motu proprio que fruto de imposições da famigerada troika - surgirão e saberão falar á compreensão e cooperação das massas.

O busílis, porém, está na grande incógnita: quem formará esse Governo credível e fiável?
Onde estão as personagens novas, de grande espessura política, técnica e académica, que sejam, implicitamente, credíveis e fiáveis?

Já tomámos conhecimento do programa do PS. Dentro de propósitos excelentes, embora genéricos, nada que nos fizesse alertar o interesse e criar esperanças de um renovado país, isto é, ágil, progredido, moderno, responsável, digno de uma História que o distingue na Europa (sem alimentar sentimentos patrioteiros, obviamente).

Ribombaram, agora, os programas drásticos do PSD. Uso o verbo ribombar, porque me parece o mais adequado. Caracterizam-se mais como estridente som de propaganda eleitoral do que música de ideias originais, revolucionárias, inéditas. De inédito e revolucionário, então, não têm absolutamente nada. Neoliberalismo no seu esplendor.

Eliminação dos governos civis. Até hoje, foi argumento oratório de todos; praticabilidade de ninguém.
Pode ser que, desta vez – assim o esperaríamos - o Dom Quixote Passos Coelho não seja confundido pelos clássicos moinhos de vento e consiga atingir o verdadeiro alvo… se lho permitirem.

Reduzir a 50% o número de assessores. Óptima decisão. Como fará, todavia, a premiar os fidelíssimos ou dar emprego aos companheiros de batalha? Saberá driblá-los com habilidade? Poucos o conseguem.

Anuncia um governo de apenas dez ministros e 25 secretários de Estado. Também esta, uma óptima decisão. Mas haverá inevitabilidades e perspectiva-se o que já foi citado no parágrafo precedente.
Se as urnas lhe forem favoráveis, pelo menos já podemos contar com um Relvas e um Catroga ministros.

Reduzir o número de deputados de 230 a 181. E a Constituição? Reduzida a uma espécie de incunábulo da nossa democracia; logo, documento histórico que nenhum outro valor tem senão tropeço para um neoliberalismo desenfreado?

No que concerne as privatizações, vai tudo à praça. O país está em saldo?
A intenção de privatizar ou manipular “Águas de Portugal” indigna-me sobremaneira.
Não se trata de uma entidade como tantas outras, mas de um grupo de empresas públicas que prestam serviços indispensáveis. Administram um património vital que pertence à inteira comunidade portuguesa: a água.

Quem são os inspiradores ou sugeridores, precisamente desta privatização (ou outras similares)? Privatiza-se porque há certeza de lucros garantidos?

É inadmissível que a gestão de um tal património - repito, de todos os portugueses – passe a entidade privada. Jamais poderemos depender da única finalidade que a gestão privada conhece: o lucro, os dividendos.
É difícil, para Passos Coelho e inspiradores ocultos ou públicos, compreenderem esta verdade? Não creio que compreendam.

Espero que a rigidez europeia não faça a Portugal o que fez e faz à Grécia, impelindo-a a abandonar o euro.
É por este motivo que me assusta esta propaganda eleitoral berrada, desconexa da realidade e pensada apenas para atingir o trono. E rei é um só. Que miséria!