segunda-feira, julho 18, 2016

OS INSACIÁVEIS

"Caluda!! Qual ética, qual decência, qual moralidade? É a ética que deve concordar com a minhas conveniências" - assim diria o Sr. Durão Barroso.

Desde a monstruosidade de Nice ao falido golpe de Estado na Turquia, a semana passada é para não esquecer.
Dificuldade a exprimir-me sobre o horror de Nice. Precisamente porque é um horror, dispensa comentários repetitivos.
A insaciabilidade destes monstros, que de pessoas normais se transformaram em imoladores, indiscriminadamente, de vidas humanas, foge a toda e qualquer compreensão.
Pode explicar-se pela pura malvadez, logo, está explicada por natureza? Não chega. Morre-se por um rito dos jihadistas. Horrendo!

E agora um pouco de ironia sobre o golpe militar turco, embora lamentando sinceramente as perdas humanas que daí resultaram.
Seguindo os eventos, é inegável que o Sr. Erdogan rejubila: qual melhor oportunidade para efectuar todas aquelas depurações que robustecerão o poder autoritário que tem vindo a construir?
Como tantos sugerem, não seria uma comédia arquitectada pelo próprio Erdogan? Não surpreenderia. Poder, poder, sempre o poder: insaciáveis!

Mas há outros géneros, mais comuns, de insaciáveis. Estes localizam-se no reino da política onde, frequentemente, o conceito de ética é ignorado e a insaciabilidade surge no seu pior aspecto. È a um personagem desta espécie que desejo dar um relevo especial:

Vinte meses após ter dito adeus à presidência da Comissão Europeia, o Sr. Durão Barroso aceitou o cargo de presidente não executivo do Goldman Sachs, o importante e famoso banco de triste memória na crise económico-financeira europeia e que ainda perdura. Não lhe bastavam os úteis e actividades a que dedica e dedicava o seu tempo.    
José Manuel (Durão Barroso) traz imensos conhecimentos e experiência para o Goldman Sachs, além de um profundo conhecimento da Europa”…, assim se exprimiram representantes do Goldman Sachs International.

A notícia ribombou dentro e fora da Europa; as críticas explodiram com maior estrondo. Os jornais têm sido pródigos em noticiar os comentários de condenação e nenhum deles se caracteriza por eufemismos: “moralmente inaceitável”, falta de ética, vergonha e dignidade, indecente conflito de interesses etc., etc..

Contudo, a qualificação mais insólita, conferida a Durão Barroso, provém da “Liga dos Optimistas do Reino da Bélgica”, liga a que aderiram pessoas das mais diversas categorias sociais: www.liguedesoptimistes.be.

A finalidade da liga é promover “a evolução da mentalidade dos habitantes da Bélgica em direcção de um maior optimismo e reforçar o entusiasmo, o bom humor, o pensamento positivo, a audácia e o empreendimento, a tolerância, assim como o acordo entre os cidadãos e as comunidades”.

Instituíram o “Prémio Internacional para a Ordinarice”. Assim, o “Primeiro Prémio Internacional para a Ordinarice”, neste ano de 2016, foi atribuído a José Manuel Durão Barroso.
Motivação: “Pela indecência da sua traição ao interesse comum europeu, do qual foi o mais alto dignitário de 22 de Novembro 2004 a 03 de Novembro 2014”.

Apesar do culto pelo optimismo, mesmo nas pequenas coisas, … “Talvez este período económico tenha feito perder um pouco de optimismo e é necessário apontar o dedo contra alguém: o 2016 é o ano de Durão Barroso a quem também é dedicada uma frase do humorista francês Guy Bedos: «A ordinarice não se pode improvisar: É-se ordinário. Nasce-se Ordinário. Trata-se de uma debilidade da alma» - Fúlvio Cerutti