segunda-feira, novembro 14, 2016

E NO POLITICAMENTE INCORRECTO,
AGORA VERIFICA-SE UM VIRAR DE PÁGINA


Depois da vitória, surgem mil defeitos na Senhora Clinton; reconhecem-se qualidades no Senhor Trump. Claro! É o novo presidente dos Estados Unidos da América.
Mas advêm, oportunamente, as palavras do grande pensador contemporâneo, Zygmunt Baumann: “O aldrabão Trump é um veneno, vendido como antídoto para os males de hoje”.

Argumenta-se, numa das razões que explicam esta vitória, que soube dirigir-se à classe média. Efectivamente, uma globalização muito mal gerida produziu graves feridas na classe média-baixa e Trump alçou a bandeira de grande defensor:
“Visitei as fábricas que despediram trabalhadores e as comunidades que foram destruídas por estes terríveis e injustos tratados comerciais. Estas são as pessoas esquecidas pelo nosso país. Pessoas que trabalham duro, mas que não têm uma voz. Eu sou a vossa voz.”

E que voz! Um vocabulário requintado; uma incomparável elegância nos argumentos!...
Durante a campanha, sempre que o ouvia ou lia o que iam referenciando sobre o personagem, irresistivelmente acrescentava a vogal a ao p final do seu apelido e completava a sílaba - obviamente, respeitando a pronúncia inglesa.

Vejamos a “beleza” do que Mister Trump sabe exprimir:
Referindo-se à terceira e actual esposa, esclarecia: “Melânia é incrível na cama. Não quer que o diga, mas é-o” - 2004. Uma grosseria sem paralelo.
E a boçalidade repete-se:
“Olhai para estas mãos, parecem-vos pequenas? Se fossem pequenas sê-lo-ia também qualquer outra coisa…”- 04 Março 2016

“A única diferença entre mim e os outros candidatos é que eu sou mais honesto e as minhas mulheres são mais bonitas” – (Agosto 2015).

 “Um dos problemas principais de hoje é que a política é uma desgraça: as pessoas de bem não vão para o governo”- 2000.
Em 2016 chegou à presidência dos EUA. Segundo o seu pensamento, significa que não se inclui no sector das pessoas de bem? Será assim? Oh! pobre América!

De todas as incivilidades de Trump, a que muito me chocou foi o apelo aos doentes terminais:
“Caros doentes terminais, votai-me. Não morrais antes de ter-me votado. Não me importa o quanto estás doente. Não me importa se acabas de regressar do médico e ele te deu a pior das diagnoses, significando que é o fim. Não importa. Aguentai até ao dia 08 de Novembro. Saí e votai. Estimamos-vos e recordaremos sempre o que fizestes” – 05 Outubro 2016.
 Só me pergunto se isto é admissível numa pessoa normal em campanha para a presidência de um país, ou mesmo em qualquer outra circunstância!

Estas são algumas citações das múltiplas que publicaram. Citei as que me pareceram intoleravelmente mesquinhas.
Será um bom Presidente dos Estados unidos, porém, bom, mau ou medíocre, para mim é um grande mal-educado com o mais elevado grau de grosseria que jamais vi em política. Ademais, pelos seus elogios aos vários Putin, Erdogan e similares, o homem pende para o totalitarismo… impensável nos Estados Unidos, assim creio.

Espero que, na Europa, nunca tenhamos de assistir a factos tão desoladores, perante candidatos desta natureza.
Teme-se que seja um encorajamento para os populistas / nacionalistas que por aqui pululam. Dadas as reacções contrárias, na América e em todo o mundo, acaso não se verificará o fenómeno oposto? Oxalá.