segunda-feira, novembro 07, 2016

SE ISTO SÃO CRIATURAS HUMANAS!

Uma criança grata aos soldados que libertam Mossul


Que me perdoe Primo Levi se me atrevo a parafraseas o seu famoso "Se isto é um homem", embora deseje aludir, exclusivamente, às baixezas de tantos seres humanos que elevam estandartes de nobres causas como justificação para actos abjectos.

Nestas últimas semanas, seguindo o que se passa em Mossul – apenas para citar a última barbaridade que ocorre naquelas regiões - o horror é o único sentimento que nos assalta, perante crianças e mulheres que fogem aterrorizadas ou assassinadas pelos covardes do Estado Islâmico: sim, este é o exemplo perfeito do que é a covardia no seu esplendor. Uma covardia, obviamente, aliada às piores atrocidades que uma criatura humana é capaz de inventar.

Matam e escravizam mulheres, assassinam milhares de crianças de várias idades assim como homens desarmados, pacíficos. Que valentia!
Executam estas “proezas” para aterrorizar? Sem dúvida, mas continuam covardes. Assassinar, sobretudo mulheres, crianças e pessoas indefesas, não existe nenhuma causa, por mais nobre que seja, que justifique estas torpezas.
Mas existe outra espécie de covardia destes valentões que, além de indignar, provocam um asco insuportável: quando atacados e em má situação, usam a população inocente como um muro de defesa. A muralha da vilania!
Esperemos que Mossul seja libertada.

 Os tempos evoluem, as consciências saem das brumas e enaltecem-se, os costumes regeneram-se e adequam-se a um civismo elevado. Mas surge a covardia armada de símbolos, e o tempo pára.

Criticam a União Europeia pela indiferença que demonstra relativamente a estas tragédias no Médio Oriente. Nada se espere, pois que a União tem, ela mesma, uma espécie de terrorismo que lhe capta, anualmente, a atenção total: os Orçamentos de Estado. Haja compreensão!

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia. Digo, sem ambages, que detesto aquele indivíduo.
Como soe dizer-se, o poder subiu-lhe à cabeça. O homenzinho, rodeado de servidores bem escolhidos, entende que deve ser o ditador iluminado de uma Turquia islâmica.

 Todos os pretextos servem para fechar jornais e enclausurar jornalistas; destituir milhares de funcionários competentes e ocupando altos cargos em todos os ramos do Estado. Por fim, não perde ocasião de atacar a comunidade curda, com razão ou sem ela: a covardia do forte.
 Regra geral, em qualquer país – salvo excepções - a ignorância constitui a maioria. Logo, alicia os ignorantes e reina. Nisto, Erdogan é mestre. 

Sismo no Centro Itália. Uma catástrofe que se repete. O terramoto dos últimos dias de Outubro semeou profundas ruínas, destruindo habitações igrejas, edifícios públicos e um elevado património artístico. Felizmente, desta vez, não houve vítimas mortais, mas tanta infelicidade e pavor.

No dia 30 de Outubro passado, através dos microfones de Rádio Maria – uma emissora católica que, com 850 repetidores, cobre todo o território italiano – padre Giovanni Caválcoli, na sua intervenção mensal e aludindo ao terramoto, esclareceu:
 “Do ponto de vista teológico, estes desastres são uma consequência do pecado original, embora a palavra não agrade (…) Chego ao ponto, castigo divino. Estas ofensas à família e à dignidade do matrimónio, as uniões civis, chamemos-lhe castigo divino”.

A população esmagada pelo terramoto deve padecer o castigo divino por culpa das uniões homossexuais ou quaisquer outras uniões civis. O teólogo e frade dominicano, padre Caválcoli, dixit.
Perante este conceito estúpido e intolerável, a condenação do Vaticano foi imediata: “É um juízo de um paganismo sem limites”. Mas as reprovações foram gerais.
O director de Rádio Maria tomou a decisão justa: “Rádio Maria crê inaceitável a posição de padre Giovanni Caválcoli em relação ao terramoto e suspende-o da sua transmissão mensal”. O contrário seria inadmissível.

Mas polémicas ou não, padre Giovanni não desmoraliza: "Escutando de novo as minhas palavras, no fim de contas, a minha opinião é legítima".
Que Deus acuda a estes tradicionalistas sem cérebro... para não lhes chamar imbecis.