segunda-feira, fevereiro 06, 2017

ALARME LÍNGUA ITALIANA:
ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Traduzo a notícia lida no jornal La Repubblica – 04 / 02 / 2017 - sobre a carta que 600 docentes universitários enviaram para o Governo italiano, denunciando a “carência linguística dos estudantes”.

Mas sucederá apenas na Itália? Dou um exemplo: escutando o que exprime a nossa classe política que, na sua grande maioria, tem um curso superior, frequentemente somos auditores de algumas calinadas. Quando se trata, então, da aplicação, devida, do presente do conjuntivo, este tempo verbal é sacrificado sem a mínima consideração – “Torna-se urgente que consideramos… “
Mas viremo-nos para a Itália e vejamos o que diz Gerardo Adinolfi sobre este documento invulgar.

Muitos estudantes escrevem mal em italiano; servem intervenções urgentes”. É o conteúdo da carta que mais de 600 docentes universitários, académicos da Crusca*, históricos, filósofos, sociólogos e economistas enviaram ao Governo e ao Parlamento para solicitar «intervenções urgentes», a fim de remediar as carências dos seus estudantes.
“Tornou-se bem claro que, de há muitos anos, no fim do percurso escolar, muitos jovens escrevem mal em italiano, lêem pouco e têm dificuldade a exprimir-se oralmente” – lê-se no documento que partiu do grupo de Florença para a escola do mérito e da responsabilidade. Foi assinado, entre outros, por Ilvo Diamante, Mássimo Cacciari, Carlo Fusano e Paola Mastrocola.

“De há tempos – continua a carta – que os docentes universitários denunciam a carência linguística dos seus estudantes (gramática, sintaxe, léxico), com erros apenas toleráveis no terceiro ano elementar.
Na tentativa de encontrar um remédio, chegaram mesmo a activar cursos de recuperação da língua italiana”.

Segundo os docentes, o sistema escolar não reage em modo apropriado, “visto que o tema da correcção ortográfica e gramatical foi, por longo tempo, desvalorizado sobre o plano didáctico”. 
Existem algumas iniciativas importantes dirigidas à actualização dos professores, mas – faz-se notar – não se vê uma vontade política adequada à gravidade do problema.

Pelo contrário, temos necessidade de uma escola verdadeiramente exigente no controlo das aprendizagens, além de mais eficaz na didáctica, pois de outra maneira nem o empenho dos professores nem a aquisição de novas metodologias seriam suficientes”.

Na carta indica-se, portanto, uma série de pormenorizadas linhas de intervenção para chegar, “no fim do primeiro ciclo de estudos, a um suficiente domínio dos instrumentos linguísticos de base, por parte de uma grande maioria dos estudantes”. (…)

Nos comentários dos docentes a esta carta, lê-se: Cerca de três quartos dos estudantes do curso superior trienal são, de facto, semianalfabetos. É uma tragédia nacional não perceptível pela opinião pública, pela imprensa e, naturalmente, pela classe política …

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*”Academia da Crusca (Accademia della Crusca) é uma instituição italiana que reúne estudiosos e especialistas de linguística e filologia da língua italiana. Representa uma das mais prestigiadas instituições linguísticas de Itália e do mundo”.

Se a nossa Academia das Ciências de Lisboa se equiparasse a esta instituição linguística italiana, jamais teríamos a indecência do famigerado Acordo Ortográfico 1990.