segunda-feira, março 06, 2017

PRECONCEITOS OU ESCASSEZ DE MASSA CINZENTA?

Aliás, se os preconceitos permanecem, embora a evolução dos tempos ilumine e transforme certas posições sociais atávicas, significa pouca inteligência ou um atraso lamentável sob o ponto de vista educativo e intelectual.
Vem isto a propósito do comentário de um eurodeputado polaco sobre a “inferioridade das mulheres”. O caso foi amplamente noticiado e as palavras deste indivíduo ecoaram em toda a Europa.
Nada de anormal, tratando-se do mesmo sujeito que define os imigrados como “estrume humano que não têm vontade de trabalhar”; mais, querendo absolver o seu herói do passado, afirma que “Hitler não tinha conhecimento do Holocausto”.   

Mas voltando ao que exprimiu, um jornal italiano classificou esse comentário como “palavras delirantes”. E se entramos no domínio do delírio, que mais poderemos dizer?
Ainda podemos dizer muito. Serão palavras delirantes, mas retratam uma maneira de pensar muito comum nos tempos actuais.

Então, delirantemente, diz o Sr. Eurodeputado polaco, Janusz Korwin-Mikke:
É justo que as mulheres ganhem menos do que os homens: porque são mais débeis, mais pequenas e menos inteligentes”.
Pobres mulheres! Débeis, pequenas e pouco inteligentes! E como mulher pouco inteligente, pergunto-me: aonde iremos parar?

Dando livre saída aos meus instintos – portanto, não refreados – iria parar ao Parlamento Europeu, aproximar-me-ia do Janusz Korwin-Mikke e pespegar-lhe-ia um sonoro par de bofetadas.
Nada de violências, ademais tratando-se de uma débil mulher. Somente uma demonstração pública do género, que inferior não é, não tolera que imbecis como este representem, no Parlamento Europeu, um qualquer país-membro da União.

A Polónia deveria envergonhar-se de ser representada por cidadãos eivados de prejulgamentos inadmissíveis em qualquer país civilizado. Ou será que o fundamentalismo religioso revigora os costumes tradicionais, portanto, nada de condenável em tais modos de pensar? Não creio. Aqui trata-se de pura estupidez individual.

Deveriam ponderar bem - polacos e demais europeus - quem devem eleger para aquela instituição. Não somente demonstrariam respeito pela União Europeia como, de consequência, os eleitos, digna e competentemente, melhor saberiam representar e defender, no Parlamento Europeu, os interesses da União e do próprio país.

Nota-se, porém, e não é caso raro, que ser proposto como candidato ao Parlamento Europeu, por vezes significa um prémio ou uma espécie de reparação política. Recordo, nos famigerados tempos de Berlusconi, que este fez eleger, como eurodeputada, uma conhecida cançonetista cuja preparação e competência políticas eram próximas do zero.
Também, frequentemente, vários eurodeputados distinguem-se pelas raras viagens a Bruxelas. Aplausos, todavia, a quem é eleito e ocupa o seu cargo de eurodeputado com consciência, interesse e competência; penso que estes constituam a maioria.